
Comunicar com amor, ouvir com presença
- Susy Brito

- 13 de fev.
- 6 min de leitura
Atualizado: 13 de jun.
Comunicação Assertiva nos Relacionamentos
A importância da comunicação assertiva nos relacionamentos
Quando nos relacionamos com familiares, amigos ou conhecidos, o que buscamos?
Geralmente, desejamos uma experiência agradável, leve e construtiva. E a comunicação é essencial nesse processo. É por meio dela que conhecemos o outro e, ao mesmo tempo, nos percebemos em cada situação vivida no relacionamento.
Mas comunicação vai muito além de simplesmente falar. O olhar, as expressões faciais, a postura e, claro, as palavras – sejam faladas ou escritas – fazem parte dessa troca.
Quantas vezes uma pessoa diz algo, mas você percebe que não é o que realmente está sentindo ou acreditando? Neste momento, sentimos que ela não está sendo honesta consigo mesma. Quando isso acontece, mesmo que de forma sutil, a confiança no outro é abalada e pode começar a diminuir. Parece mais uma sensação do que uma percepção imediata.
Por isso, a comunicação assertiva é tão importante, pois sustenta e promove a evolução dos relacionamentos.
O que é a comunicação assertiva
Nos comunicamos o tempo todo e de diversas maneiras, mas nem sempre conseguimos expressar exatamente o que sentimos ou o que gostaríamos que o outro entendesse. Comunicação assertiva é isso: conseguir expressar de forma clara e coerente o que sentimos, de modo que o outro compreenda. É falar com objetividade, transparência e honestidade.
Se comunicar parece tão natural, então por que, para muitas pessoas, é tão difícil ser assertivo?
As razões são muitas e únicas para cada um. Algumas vezes, crescemos em ambientes onde a comunicação não era clara, ou crenças limitantes nos impedem de nos expressarmos com confiança.
Mas a boa notícia é que podemos aprender.
Entender como funcionamos, o que nos leva a agir e reagir de determinada forma, e compreender e acolher nossos sentimentos nos traz mais clareza de quem somos. Aprimorar esta comunicação interna é o primeiro passo para melhorar a comunicação com o outro.
Autoconhecimento é poder!
Como ter uma comunicação assertiva?
Pergunte-se: "Qual é meu foco quando estou em um relacionamento?"
Dependendo do tipo de relação, o foco pode mudar.
Em um relacionamento amoroso, por exemplo, seu objetivo está em “ganhar o jogo” de quem está certo ou errado, ou está em desenvolver algo maior e mais profundo a partir do ponto de vista de cada um?
Em um relacionamento profissional, você busca a excelência, contribuindo para o negócio ou está focado em ser validado pelas pessoas?
Essa clareza ajuda muito na hora de se comunicar.
Muitas vezes, dizemos querer conexão, mas nossas atitudes revelam medo: medo de ser abandonada, traída ou menosprezada. Quando não olhamos para isso e não nos dedicamos ao autoconhecimento, nossa comunicação perde coerência e profundidade.
Para desenvolver uma boa comunicação, em vez de tomar o seu ponto de vista como verdade absoluta, se abra para perceber, também, a situação ou conflito a partir do ponto de vista da outra pessoa.
Outro ponto importante é saber escutar de verdade. Às vezes, ouvimos, mas não há uma escuta verdadeira. Nossa mente interpreta e se antecipa enquanto o outro ainda está se expressando, formulando respostas baseadas em medos e experiências passadas. A partir de ideias preconcebidas sobre a outra pessoa ou situação, a comunicação se torna reativa e cheia de interpretações equivocadas.
Quer um exemplo?
Imagine alguém que tem uma ferida emocional de abandono, em consequência, tem medo de ser abandonada. Esse medo pode ter raízes em experiências da infância, que podem nem ser mais conscientes, mas que deixaram marcas. Quando surge algo que ativa esse gatilho, a pessoa pode parar de ouvir o que está realmente sendo dito e começar a interpretar tudo como uma ameaça de abandono – mesmo que ela não seja real.
Por isso, comunicação assertiva não é apenas sobre o que expressamos, mas também sobre como recebemos o que o outro diz.
É bastante difícil dialogar com alguém que apresenta um comportamento reativo, onde as palavras são interpretadas de forma distorcida. Algumas vezes, a pessoa está tão presa no que acredita ser verdade que não se permite ser flexível quanto ao que o outro, de fato, quer comunicar. Deturpa parte da informação, tornando-a menor ou maior do que realmente é, chegando a conclusões que não são reais.
Quantos relacionamentos terminam devido a este tipo de comunicação?
Pergunte ao invés de presumir
Já aconteceu de você dizer algo para alguém, no momento a pessoa lidou com aquilo de forma tranquila e tudo parecia estar bem, mas dias depois essa pessoa surgir com um discurso pronto, cheio de julgamentos e reclamações? Muitas vezes sem espaço para que aconteça uma conversa esclarecedora. Isso é um reflexo da mente que, para se proteger, muitas vezes distorce e conclui sem buscar esclarecimentos.
A nossa mente existe para nos proteger, seu principal trabalho é nos manter vivas. A fim de facilitar este processo, a mente exclui informações, omitindo o que entende não ser essencial, generaliza para que possa armazenar as informações em “caixas específicas” e distorce possibilitando que a informação ou situação caiba no seu modelo de mundo.
Estar em uma conversa real é, também, estar vulnerável. Por isso, é muito mais fácil manter o seu modelo interno de como o outro é, reforçando e validando o seu sistema de crenças, mesmo que isso venha lhe causando sofrimento. Porém, é permitindo expandir sua ideia de mundo que as verdadeiras conexões podem acontecer.
Refletir é diferente de remoer.
Quando algo nos incomoda, é natural refletir. Isso é bem diferente de ficar remoendo e criando histórias ou diálogos mentais. A reflexão é o processo de olhar para si, perceber a situação de outra perspectiva e, em alguns casos, buscar um esclarecimento com a outra parte.
Veja a diferença entre as duas falas a seguir:
Primeira – Depois da nossa conversa, fiquei pensando sobre tudo que aconteceu e senti que não ficou resolvido para mim. Gostaria que pudéssemos conversar mais, pois interpretei o que você disse como se você estivesse sendo muito dura(o) comigo. Me senti triste e magoada.
Segunda – Você me magoou quando disse e fez tudo aquilo. Logo eu que estou sempre disposta(o) a fazer tudo por você. Não gostei mesmo, você foi muito injusta(o) e acho melhor nos afastarmos. Eu fiz o meu melhor e você ainda foi capaz de “dizer aquilo” ou “agir daquela forma”.
Percebe a diferença?
Na primeira, temos uma comunicação assertiva, onde há clareza, autorresponsabilidade e abertura, ou seja, não aponta o dedo para o outro e se expressa a partir do que percebeu e sentiu diante do fato.
Na segunda, a pessoa foi reativa, tirou conclusões e se fechou. Provavelmente remoeu, não buscou esclarecer, alimentou um ponto de vista inflexível sobre a situação e sobre o outro e resolveu ao seu modo, ou seja, se afastando ao invés de se abrir para o que o outro teria a dizer.
Não estou aqui dizendo que precisamos manter relacionamentos tóxicos em nossa vida, pelo contrário. Se o que o outro faz ou diz está te ferindo, é essencial que você se posicione, muitas vezes até se afastando. Porém, ter clareza do que é do outro e do que é nosso é o que vai nos permitir desenvolver relacionamentos que valem a pena.
Saiba o momento de falar e o momento de calar.
Quando temos clareza sobre nosso objetivo no relacionamento, podemos escolher dar um tempo em uma determinada conversa e retornar em outro momento com mais tranquilidade. Refletir sobre o que foi dito ou feito, perceber os gatilhos acionados e ressignificá-los, contribui para que a comunicação flua de uma forma mais leve e assertiva.
Se expresse de forma clara, objetiva e amorosa.
A forma de falar, o tom de voz, a expressão do seu rosto e seus gestos fazem parte da sua comunicação. Se não há coerência entre estes pontos e o que você diz, não haverá assertividade. Falar com amorosidade não significa falar manso e sim comunicar sua verdade com respeito e propósito claro.
Dicas para praticar mais assertividade
Aprenda a ouvir verdadeiramente.
Exponha seu ponto de vista, mas esteja consciente de que há também outra percepção sobre a mesma situação.
Evite julgamentos e conclusões precipitadas sem que haja um diálogo verdadeiro.
Busque autorresponsabilidade em relação aos seus sentimentos e emoções.
Use expressões como: “No meu ponto de vista” e “Eu me sinto”, demonstrando que esta é a sua percepção e não a verdade absoluta.
Diga o que você quer e precisa de forma clara ao invés de esperar que o outro adivinhe ou preveja o que está em sua mente. Quando somos bebês, precisamos que nossas necessidades sejam percebidas ou “adivinhadas”, mas na vida adulta é assertivo nos expressarmos quanto aos nossos desejos e necessidades.
Aprenda a dizer não com leveza. Muitas pessoas têm dificuldade em dizer não e, quando conseguem, fazem isso com certa agressividade na voz. Pratique e saiba que dizer sim ou não é um direito de todos.
Mantenha seu foco em mente, nem sempre você irá conseguir o que gostaria, mas o objetivo de ter uma comunicação assertiva está além de “ganhar” o jogo que muitas vezes se estabelece em um relacionamento, mas sim sobre construir relacionamentos sólidos e genuínos.
A comunicação assertiva é essencial para bons relacionamentos, sejam eles familiares, amorosos, sociais ou profissionais. Vivemos em sociedade e aprender a desenvolver relacionamentos interpessoais de qualidade é uma grande contribuição para uma vida mais feliz.
Com amor
Susy Brito





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